quarta-feira, 30 de setembro de 2009

"É o sonho de todo antropólogo desenterrar um esqueleto completo de um ancestral humano primitivo. Para a maioria de nós, este sonho permanece irrealizado. Por isso, a descoberta de um esqueleto completo apresenta-se como prêmio maior e eu sou um dos agraciados com esta sorte extraordinária", diz Richard Leakey, paleontólogo que escreveu A origem da espécie humana. O livro conta importantes descobertas de fósseis neste século, entre elas a que foi realizada por Leakey, em 1994. Nas margens do lago Turkana, na África, ele descobriu os remanescentes do esqueleto de um garoto de nove anos de idade que viveu há mais de 1,5 milhão de anos e que pertencia ao gênero do homem primitivo que agora chamamos de Homo erectus."Nos Estados Unidos, o sobrenome Leakey é sinônimo do estudo das origens humanas", escreveu certa vez o New York Times, referindo-se ao paleontólogo e seus pais - Louis e Mary Leakey -, dedicados à mesma profissão e cujo trabalho de campo na África Oriental durante décadas contribuiu de forma fundamental para desvendar os mistérios da evolução humana. Segundo o paleontólogo, sem margem de dúvida, podem-se identificar quatro etapas da pré-história. "A primeira foi a origem da família humana, há cerca de sete milhões de anos, quando espécies semelhantes aos macacos com um modo de locomoção bípede, ou ereta, evoluíram. A segunda etapa foi a de proliferação das espécies bípedes. Em meio a esta proliferação de espécies humanas, houve uma que desenvolveu um cérebro significativamente maior - e isto marca a terceira etapa e sinaliza a origem do gênero Homo, o ramo da árvore humana que levou ao Homo erectus e finalmente ao Homo sapiens. A quarta etapa foi a origem dos humanos modernos - a evolução de gente como nós, com linguagem, consciência, imaginação artística e inovações tecnológicas", afirma Leakey, em um trecho que exemplifica o estilo do livro.Ele também fala mais profundamente sobre a importância da passagem da locomoção quadrúpede para a bípede, das diferentes hipóteses de paleontólogos atuais e da importância das pinturas rupestres no trabalho de pesquisa - tudo isto com ilustrações, gráficos e tabelas que facilitam a compreensão. No final do livro, um capítulo é dedicado à origem da mente, apontando o aparecimento da consciência humana como a terceira grande revolução da história da vida na Terra. "A vida tornou-se ciente de si própria e começou a transformar o mundo da natureza com seus objetivos próprios. O que é a consciência? Mais especificamente, para que serve? Qual é a sua função? A consciência apresenta-se aos cientistas como um dilema, que alguns acreditam insolúvel. A mente, por meio da imaginação, é um canal para atingir mundos que estão além dos objetos materiais da vida diária, oferecendo-nos um meio de trazer em technicolor mundos abstratos para a realidade", conclui ele.

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